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15dez2015

Condomínios adaptados à terceira idade

Condomínios adaptados à terceira idade

Devido à melhor qualidade de vida e avanços na área da saúde, a população brasileira está vivendo mais. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE), a participação relativa da população com 65 anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passou a 5,9% em 2000 e chegou a 7,4% em 2010.

É fácil perceber a realidade desses números nos condomínios das cidades, onde é cada vez mais comum identificar idosos que moram sozinhos. Entretanto, é do conhecimento de todos que à medida que a idade avança, as limitações aparecem. Daí a importância de saber quais os cuidados que os síndicos, funcionários e moradores devem ter com essa parcela numerosa da população.

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No centro de Florianópolis, alguns condomínios se destacam pela quantidade de moradores da terceira idade.

No condomínio Solar das Acácias80% dos moradores são idosos. O zelador Antonio Rodrigues percebeu, no decorrer dos sete anos de experiência, que tem bastante aptidão para lidar com as pessoas de mais idade.

“Eu gosto de trabalhar com eles. Levantam cedo, dormem cedo e são respeitosos”, conta. Além disso, o zelador é considerado o salva-vidas dos moradores idosos e os atende com prestatividade e carinho. “Vou até a farmácia comprar remédios, busco o pão, acompanho ao médico… Um dia desses um senhor me chamou para ver o chuveiro que estava saindo água fria e verificar se havia queimado. Contam comigo para tudo”, diz com satisfação.

O zelador Neto Zailo, do Condomínio Mirante das Ilhas, também reserva um atendimento diferenciado aos moradores idosos. “Sempre procuro ajudar, carregando uma sacola ou auxiliando no que for possível”, observa. O reconhecimento à atitude por parte dos idosos é instantâneo. “Por terem mais tempo eles retribuem com uma atenção especial. Gostam de conversar”, lembra o zelador.

Carinho e respeito

No condomínio Residencial AndorraMarcelo Fonseca trabalha como zelador há 19 anos. Ele conta que no prédio de mais de 20 unidades, moram cinco idosos e a atenção é especial. “Eu fico sempre atento. Monitoro ao atravessar a rua, abrir a porta, subir e descer escada para evitar qualquer acidente”, diz.

E com o tempo, o trabalho, além de obrigação, passa a ser prazeroso e reconhecido pelo carinho dos moradores. “A gente se apega. É uma troca, eles precisam de mim e eu preciso deles. Aprendo muito também. Quando entro de férias sinto até saudades”, relataFonseca. Em casos de acidente doméstico ou emergências de saúde, o zelador também age rápido. “Tenho uma agenda com os telefones dos parentes e amigos. Numa ocorrência, imediatamente, ligo para o Samu ou Bombeiros, verifico a possibilidade de agir em primeiros socorros, depois ligo para a família avisando do ocorrido”, explica.

Fonseca conta que há alguns dias uma senhora de 83 anos se esqueceu de desligar a torneira e alagou o apartamento. “Pedi para ela ficar sentadinha, levei um balde e tirei a água, sequei direitinho para ela não escorregar”, lembra.

Cuidados pontuais

Segundo estudos da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de SP40% dos brasileiros com mais de 65 anos precisam de algum tipo de ajuda para realizar tarefas do cotidiano.

Entretanto, é necessário ter sensibilidade e tato até na hora de saber quando e como se deve ajudar, conforme explica a enfermeira e coordenadora do Núcleo de Estudos da Terceira Idade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Jordelina Schier: “Não podemos tirar a capacidade funcional do idoso. O que ele puder fazer sozinho ele deve continuar fazendo. Alguns necessitam de supervisão, outros, que façam por ele. É preciso perceber a dificuldade de cada um antes de agir”, ressalta Schier.

Para saber identificar as necessidades de uma pessoa idosa, é imprescindível entender o processo de envelhecimento e suas limitações. “Muitas pessoas têm o costume de falar mais alto no ouvido do idoso para ele ouvir, o que é errado, pois, contrariamente ao que se pensa, sons muito altos tendem a embaralhar a comunicação”, alerta. O ideal, nesse caso, é estabelecer a comunicação visual. Olhar de frente para o idoso e conversar em tom normal. “Por isso, os funcionários do condomínio devem ser capacitados para lidar com eles”, orienta Schier.

Segurança e acessibilidade

Preocupados com a segurança dos moradores idosos, cada vez mais condomínios estão se adequando com a instalação de corrimões, pisos antiderrapantes e rampas, para a prevenção e auxílio na locomoção. No condomínio Mirante das Ilhas, na avenida Beira Mar Norte, o corrimão mais baixo e o piso já foram projetados para atender os moradores da terceira idade.

No edifício Orlando Carione, na avenida Trompowski, no Centro, o síndico Sandro Luiz da Silva conta que em breve a estrutura deverá receber um elevador na parte frontal do prédio. “Temos um número considerável de moradores idosos, que apresentam dificuldades com as escadas”, aponta. “A segurança para todos é sempre uma prioridade”, finaliza Silva, que administra 15 condomínios na cidade.

De acordo com os dados da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) a estimativa da incidência de quedas por faixa etária é de 28% a 35% nos idosos com mais de 65 anos e 32% a 42% naqueles com mais de 75 anos.

Em um estudo realizado em 2002, cerca de 31% dos idosos disseram ter caído no ano anterior e 11% afirmaram ter sofrido duas ou mais quedas. Trauma é a quinta causa de mortalidade na faixa etária maior que 65 anos, sendo a queda responsável por 70% das mortes acidentais em pessoas acima de 75 anos. Quase metade das mortes é decorrência de uma fratura de fêmur.

“Após hospitalização por queda, algumas complicações podem culminar com morte. A queda foi considerada um dos preceptores de mortalidade em estudo realizado no exterior”, aponta o médico especialista em geriatria, Mauro Montaury de Souza.

O especialista chama a atenção para fatores de risco ambientais que podem alcançar, conforme o estudo, até 50% das quedas entre os idosos da comunidade.

Outro quesito importante a ser observado no condomínio é a questão da acessibilidade. A arquitetura do prédio e áreas comuns deve seguir os padrões de segurança para idosos bem como para os portadores de necessidades especiais.O condomínio deve incluir acesso em rampas e elevadores, letreiros de identificação em letras maiúsculas e fonte legível e iluminação adequada.

Muito cuidado com pisos, pois esses devem ser antiderrapantes e com diferenciação de cor para degraus de escada. Tapetes não são recomendados. “A queda é um fator de alto risco para o idoso, que pode provocar fraturas graves, incapacidade motora e até a morte”, alerta Jordelina Schier.

DICAS de atenção ao idoso

•Cuide das áreas de acessibilidade do condomínio.

•Evite deixar resíduos que possam ter sabão ou detergentes na limpeza de corredores.

•Nunca deixe áreas poucos iluminadas ou com luzes queimadas, pois podem provocar acidentes.

•Os locais de aclive ou declive devem ter corrimão e sinalização

•Preserve a autonomia e independência do idoso.

•Consulte o idoso sempre antes de realizar projetos de socialização, confira se ele gostaria de participar.

•Promova encontros de interação entre todas as idades para evitar o isolamento social.

•Incentive a atividade física e jogos que ativam a memória e criatividade.

•Conheça os moradores e identifique as pessoas que precisam de mais ajuda.

•Previna o funcionário novo do condomínio das orientações de atenção aos idosos.

•Dê treinamento ao porteiro para que seja capacitado a lidar com o idoso.

•Busque os dados do idoso: tenha sempre em mãos os telefones de familiares e amigos para possível contato.

•Descubra as limitações e possíveis doenças para melhor agir em primeiros socorros.

Exercícios e socialização ao ar livre

A partir de um modelo chinês de atividade física ao ar livre, as cidades brasileiras estão disseminando o conceito das ‘Academias Ar Livre’, nome dado aos equipamentos para a prática de exercícios instalados em parques e praças.

Essa ideia chegou aos condomínios e, segundo dados da empresa Assix, de Maringá(PR), que fabrica esse tipo de equipamento, cerca de 500 condomínios do país já instalaram essas academias direcionadas, principalmente, às pessoas da terceira idade. “Elas propiciam mais segurança aos condôminos, sobretudo aos mais idosos, que não precisam sair de casa para praticar os exercícios e têm a oportunidade de se socializar com os demais moradores”, ressalta Elis Lacerda, do departamento comercial da empresa Assix.

O Condomínio Solar Bosque Azul, em São José, também decidiu instalar a academia para beneficiar os moradores, conforme conta o ex-síndico Alípio Egidio Kulkamp: “Os nossos moradores gostam de usar os aparelhos. As pessoas idosas, geralmente, não frequentam mais as academias convencionais. Para nós é muito útil”, relata.

Cada aparelho exercita um determinado grupo muscular do corpo e a grande vantagem é que a maioria deles usa a força e o peso da pessoa para movimentá-los. De acordo com informações da Secretaria da Saúde de Maringá, nos locais onde as academias foram instaladas, houve melhora significativa na saúde dos idosos, como, por exemplo, a redução de 40% nas consultas médicas e queda de 30% no consumo de antidepressivos e anti-inflamatórios nos postos de saúde.

Fonte: CondomínioSC

  • 15 dez, 2015
  • patrimonio
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